verão

Metade dos balneários públicos da região não tem guarda-vidas

Jaiana Garcia e Gustavo Martinez

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Foto: Pedro Piegas (Diário)

No último fim de semana, os termômetros beiraram os 40°C na Região Central. Para amenizar o calor, quem pode recorreu ao banho de rio e piscina para refrescar. Nos 36 municípios de cobertura do 4º Batalhão de Bombeiros Militar (BBM), há 10 balneários públicos. Oito estão ativos, recebendo banhistas neste verão. Porém, um número preocupa: apenas quatro deles conta com o serviço de guarda-vidas. Em Santa Maria, maior cidade da região, não há profissionais de resgate disponíveis no Balneário Passo do Verde, o único público do município. Os guarda-vidas temporários do governo do Estado, contratados para atuar na Operação RS Verão Total por meio de concurso público em novembro do ano passado, foram destinados aos balneários de Nova Palma (Balneário Atílio Aléssio), Restinga Sêca (Balneário Passo das Tunas), São Francisco de Assis (Balneário do Jacaquá) e Jaguari (Balneário Fernando Schilling). O comandante do 4º BBM, José Carlos Sallet, explica que está aguardando a certificação de mais guarda-vidas. Ele garante que houve uma diminuição no número de guarda-vidas no Rio Grande do Sul em função da perda de interesse de civis nos concursos com vagas temporárias.

- (Estamos) Aguardando a certificação de mais guarda-vidas e na esperança que sejam encaminhados mais para nós. Assim, vamos ativar mais balneários. A previsão é que, possivelmente, venham mais nas próximas semanas. Os guarda-vidas temporários que foram enviados já estão atuando - explica.

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O comandante salienta que nove guarda-vidas estão em atuação nos quatro balneários da região. O ideal seria, no mínimo, dois profissionais em cada um dos oito balneários públicos ativos, num total de 16. Por enquanto, nenhum afogamento em área de banho coberta foi registrado. Na temporada 2020/2021 (de dezembro de 2020 a dezembro de 2021), foram 13 mortes por afogamento em áreas onde não havia guarda-vidas. Um deles foi fora do período de temporada, em setembro do ano passado, em Jaguari. No mesmo período, seis salvamentos foram realizados em balneários cobertos, o que demonstra a importância do acompanhamento dos profissionais de resgate.

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Foto: Pedro Piegas (Diário)/ O comandante do 4º BBM, José Carlos Salletd

O sucesso no trabalho de salvamento dos guarda-vidas é atribuído à atuação na prevenção. Eles orientam os banhistas para que evitem áreas de risco e sinalizam os locais que têm potencial para acidentes.

- Quando alguém está em direção a áreas perigosas, o guarda-vidas faz uso do apito para alertar. As áreas delimitadas para banho são as mais seguras, então a tendência é que não ocorram incidentes.

A sistemática de preparação dos guarda-vidas também mudou nos últimos anos. Anteriormente, o treinamento durava apenas 20 dias, o que, segundo Sallet, pouco influenciava na atuação e condicionamento dos profissionais. Agora a capacitação é feita durante todo o ano, individualmente. Em outubro, começa o intensivo de certificação de 20 dias. É quando os profissionais recebem atualização sobre Atendimento Pré-Hospitalar (APH) e teorias de afogamento. O intensivo é realizado em Tramandaí, no Litoral Norte. Eles também participam de simulações de afogamento e salvamento aquático nesse período.

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A OPINIÃO DOS BANHISTAS

Na tarde de domingo, a equipe do Diário foi até o Balneário Passo do Verde e conversou com os banhistas que visitavam o local. A maior parte eram famílias que buscavam um refresco para o dia quente nas águas do balneário.

Na beira da água, muitos grupos estavam acompanhados de crianças das mais diferentes idades, e a preocupação maior era com a segurança dos pequenos.

A auxiliar administrativa e de cozinha, Sinara Silveira, estava acompanhada de seu filho e comentou sobre seus receios.

- Tem bastante criança e a gente não tem um guarda-vida pra poder sentar e relaxar mesmo, fica na insegurança porque tem estar sempre bem atenta com as crianças - afirmou Sinara.

Ontem foi a primeira vez que o operador de empilhadeira Fábio Rogério Avello visitou o Passo do Verde. Acompanhado de sua família, a falta sinalização chamou a atenção.

- Nós trouxemos bastante crianças e olhamos para a guarita e não tem um salva-vida, nada, caso precise socorrer alguma vida, não tem ninguém. Não tem sinalização, e diz que aqui é muito perigoso né, porque o pessoal costuma atirar areia, e aí fica aquelas poças que a gente vai indo e de repente vai pro fundo. Muita gente não sabe nadar - observou Avello.

No meio da faixa de areia há uma guarita vermelha que, como esperado, não contava com um guarda-vida. No local, apenas um casal de banhistas que aproveitavam a sombra gerada pela estrutura.

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COMO EVITAR AFOGAMENTOS

Com a falta de guarda-vidas nos balneários públicos e sem a obrigatoriedade de contratação de profissionais de salvamento em balneários privados, os cuidados devem ser redobrados. Os principais motivos de morte por afogamento são: descuido, excesso de confiança, ingestão de bebidas alcoólicas e tentativas de salvamento sem preparo e técnica.

O comandante explica que o descuido se dá quando o banhista não visualiza ou ignora a sinalização dos locais proibidos ou entra em mananciais que não conhece. Ele salienta que os afogamentos normalmente acontecem com pessoas que sabem nadar e, portanto, têm excesso de confiança e se arriscam mais. De acordo com ele, quem não sabe nadar possui freio inibitório e, com isso, se coloca em situações de menos risco. Beber e nadar, conforme o comandante, não combina. A ingestão de bebida alcoólica faz com que o banhista perca os sentidos e não consiga agir com rapidez em situações de perigo. Mas o que Sallet considera mais grave é quando há a tentativa de salvar alguém que está se afogando.

- Existem técnicas para salvar, quem não tem esse conhecimento acaba se tornando uma vítima. O reflexo de quem está se afogando é de se segurar em algum objeto que está na superfície. Se há uma pessoa próxima, quem está se afogando vai puxar essa pessoa, e as duas vão acabar se afogando. O único meio de salvar é alcançar algum objeto flutuante, seja ele um pedaço de madeira, uma corda, uma boia, um isopor ou até mesmo um galho - alerta.

Dicas para ficar seguro na água

  • Procurar local com cobertura de guarda-vidas
  • Conhecer o manancial aonde vai se banhar
  • Não deixar a água passar da cintura
  • Não tentar salvar pessoas em afogamento

Cuidados especiais com as crianças

  • Jamais se afastar. A distância recomendada é de um braço entre o responsável e a criança
  • Em tempos de redes sociais evite a distração com o celular. Os pais ou responsáveis podem ficar conferindo o feed ou fazendo fotos, e esse momento ser perigoso para o afogamento e crucial para a tentativa de salvamento
  • A criança, mesmo com boia, pode se assustar com uma marola, um peixe, um galho ou uma pedra e inspirar água para o pulmão, portanto não se afaste

Números de salvamentos e afogamentos na região*:

  • 2018/2019 - 14 salvamentos e nenhum óbito
  • 2019/2020 - 9 salvamentos e nenhum óbito
  • 2020/2021 - 6 salvamentos e nenhum óbito

*Áreas cobertas por guarda-vidas

HORÁRIOS DE ATUAÇÃO DOS GUARDA-VIDAS:

  • Terça-feira a domingo, das 8h30 às 12h e das 15h às 19h (os horários podem variar conforme a necessidade e demanda dos balneários) 

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